Certa vez minha analista me disse algo nesse sentido “não se paga apenas com dinheiro, mas com trabalho analítico”, foi num momento que precisei reajustar o valor pago na análise e sentia parecer “injusto” pagar um pouco menos.
O dinheiro, sem dúvida, é significante dentro de um processo analítico, é libido investida, até o consenso do quanto e como pagar também entra em jogo num processo. Pagar mais caro nada tem a ver com um “desejo maior” de curar-se, isso é falácia. Se faz terapia ou análise por que se deseja, sem dúvidas, mas principalmente por que se precisa.
Existem aqueles que pagam por sessão, os que pagam mensal, os que dividem entre quinzena e fim de mês e isso como tudo na Psicanálise vai no um-a-um, é singular, mas talvez o que aproxime (ou afaste) cada paciente um do outro é o que está em jogo quando se paga uma análise-terapia.
Se paga desejando o que? E de quem?
Parece que assumir o lugar de “quem paga” parece também dizer que é a partir do pagamento que o processo acontecerá. Não atrasar o dia de pagamento, pagar antecipado, pagar um valor x acima do teto em nada diz sobre o quanto um processo vem acontecido ou vai acontecer, talvez diga apenas que você tem dinheiro e pagou alguém que te escutou, ponto.
O desejo do analista não é que o paciente compareça toda semana com as sessões pagas, (apesar de ser importante também rsrs), mas é sobretudo que a análise aconteça a partir do quanto o paciente deseja implicar-se na sua investigação inconsciente, o desejo do analista é que o paciente fale.
Sendo assim, de que adianta “bancar seu desejo” de fazer uma terapia ou análise, pagando caro em valor monetário e não se dispor a pagar em valor analítico? Ou traduzindo, é importante se dispor a pensar qual valor você tem dado ao espaço da terapia-análise e o que tem feito com isso.
Afinal se paga um analista para que ele lhe faça pensar sobre seu sintoma, não é? Se não, se paga para quê?
Comments