A experiência psicanalítica nos ensina que aquilo que vivemos não vai embora de nós. Altera-se, é claro, com as novidades que nos chegam, mas, ao mesmo tempo, seguem nos habitando. Assim, podemos dizer que essa vivência de desamparo está sempre conosco, ainda que a gente consiga não olhar de frente para ela. Talvez nada seja mais humano do que o medo de perder o outro, ou melhor, o medo de se perder perdendo o outro.
Por isso será de grande valor que a criança vá, aos poucos, suportando perder sua mãe, porque é assim que a gente descobre que, quando o outro vai, a gente fica com a gente. E a essa noção de solidão, não a solidão do abandono do outro e muito menos a solidão do abandono de si mesmo, mas muito especialmente a solidão de estar com a gente mesmo.
Ana Suy
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